
TCHIVINGUIRO + 1 “CAUSO”... TRANSPORTES... A CARAMELA.
Em continuidade às homenagens e saudades dos nossos meios de transporte, de outras épocas, mas não do tempo do Kaparandanda, hoje, é a vez de uma camioneta muito querida que fez parte das nossas vidas, ansiedades e “causos” a...CARAMELA!
Vou insistir e manter esse apelido carinhoso “CARAMELA” e não “CARAVELA”, por razões simples e humanas muito próximas do pieguismo saudoso.
Quando cheguei ao Tchivinguiro, a maioria dos colegas que já lá estavam, quando se referiam à camioneta, o faziam com uma certa ternura, muito parecidas com a ternura que se dispensa a uma namorada querida e ausente... CARAMELA... A palavra em si, já induzia a um travo doce e prazeroso, já que o apelido “CARAVELA”, usado pelos menos íntimos e insensíveis, nos remetia a uma outra dimensão, a aventura.
Considerando ambas as designações, para que quem lê escolha a que mais se coaduna com o seu intimo, o certo é que a “CARAMELA” era a espinha dorsal do nosso universo, era ela que trazia para a nossa cozinha e outros departamentos, os gêneros necessários para a nossa sobrevivência, desde os sacos de farinha de trigo para a elaboração do “pão nosso de cada dia”, o vinho servido diariamente, em copos, numa única refeição, as rações, tão necessárias, para o bom trato dos rebanhos, adubos que enriqueciam as terras e favoreciam as colheitas, tambores de gasolina, gasóleo e petróleo e as ferramentas usadas nas benfeitorias que mantinham activos e em boas condições de uso o nosso patrimônio!
Em contra partida, para nós alunos, era a alma gêmea, que nos transportava e aos nossos sonhos e anseios, transpunha distâncias empoeiradas, esburacadas e enlameadas até Sá da Bandeira e no regresso à Escola, sobre o madeirame da sua carroceria, às vezes carregava as frustações ou alegrias de amores correspondidos ou frustados!
Ilustrando o quadro, imaginem que naquela época para irmos a Sá da Bandeira, era exigência dos regulamentos internos, trajar fato e gravata ou então vestir a farda de passeio, aquela de calção de montaria, ao estilo inglês, botas de montar justas na canela até ao joelho, faixa vermelha na cintura, camisa branca de colarinho e gravata preta e jaqueta para valorizar o visual, tudo, exceto as botas, faixa, camisa e gravata, confeccionado com a mais pura ganga! Tão bonita que era e tão admirada pelo universo feminino, que de tão cara de comprar a maioria dos nossos Pais, inclusive os meus, pura e simplesmente a eliminava do rol.
E lá íamos nós, uns 10 ou 12, empoleirados na carga, na carroceria, de fato e gravata, agarrados sabe-se lá aonde e amparados pela mão de Deus, abrigados pelo encerado quando chovia e gritando a plenos pulmões, cuspindo poeira, "Sr. Morais, por favor ponha o pé no acelerador"!
Eram tempos despreocupados e tão felizes como os de hoje, só que as normas de segurança, os recursos incongruentes, ou não, e a felicidade se mediam por outros padrões, mais simples, humanos e sem objectivos ocultos...
E assim chegamos à vez do D. Sebastião, o Desejado, muitas vezes visualizado por entre as brumas dos nossos anseios e materializado com a chegada daquele, que mais tarde passou a ficar conhecido como TITANIC!
Aquele abraço!
Em continuidade às homenagens e saudades dos nossos meios de transporte, de outras épocas, mas não do tempo do Kaparandanda, hoje, é a vez de uma camioneta muito querida que fez parte das nossas vidas, ansiedades e “causos” a...CARAMELA!
Vou insistir e manter esse apelido carinhoso “CARAMELA” e não “CARAVELA”, por razões simples e humanas muito próximas do pieguismo saudoso.
Quando cheguei ao Tchivinguiro, a maioria dos colegas que já lá estavam, quando se referiam à camioneta, o faziam com uma certa ternura, muito parecidas com a ternura que se dispensa a uma namorada querida e ausente... CARAMELA... A palavra em si, já induzia a um travo doce e prazeroso, já que o apelido “CARAVELA”, usado pelos menos íntimos e insensíveis, nos remetia a uma outra dimensão, a aventura.
Considerando ambas as designações, para que quem lê escolha a que mais se coaduna com o seu intimo, o certo é que a “CARAMELA” era a espinha dorsal do nosso universo, era ela que trazia para a nossa cozinha e outros departamentos, os gêneros necessários para a nossa sobrevivência, desde os sacos de farinha de trigo para a elaboração do “pão nosso de cada dia”, o vinho servido diariamente, em copos, numa única refeição, as rações, tão necessárias, para o bom trato dos rebanhos, adubos que enriqueciam as terras e favoreciam as colheitas, tambores de gasolina, gasóleo e petróleo e as ferramentas usadas nas benfeitorias que mantinham activos e em boas condições de uso o nosso patrimônio!
Em contra partida, para nós alunos, era a alma gêmea, que nos transportava e aos nossos sonhos e anseios, transpunha distâncias empoeiradas, esburacadas e enlameadas até Sá da Bandeira e no regresso à Escola, sobre o madeirame da sua carroceria, às vezes carregava as frustações ou alegrias de amores correspondidos ou frustados!
Ilustrando o quadro, imaginem que naquela época para irmos a Sá da Bandeira, era exigência dos regulamentos internos, trajar fato e gravata ou então vestir a farda de passeio, aquela de calção de montaria, ao estilo inglês, botas de montar justas na canela até ao joelho, faixa vermelha na cintura, camisa branca de colarinho e gravata preta e jaqueta para valorizar o visual, tudo, exceto as botas, faixa, camisa e gravata, confeccionado com a mais pura ganga! Tão bonita que era e tão admirada pelo universo feminino, que de tão cara de comprar a maioria dos nossos Pais, inclusive os meus, pura e simplesmente a eliminava do rol.
E lá íamos nós, uns 10 ou 12, empoleirados na carga, na carroceria, de fato e gravata, agarrados sabe-se lá aonde e amparados pela mão de Deus, abrigados pelo encerado quando chovia e gritando a plenos pulmões, cuspindo poeira, "Sr. Morais, por favor ponha o pé no acelerador"!
Eram tempos despreocupados e tão felizes como os de hoje, só que as normas de segurança, os recursos incongruentes, ou não, e a felicidade se mediam por outros padrões, mais simples, humanos e sem objectivos ocultos...
E assim chegamos à vez do D. Sebastião, o Desejado, muitas vezes visualizado por entre as brumas dos nossos anseios e materializado com a chegada daquele, que mais tarde passou a ficar conhecido como TITANIC!
Aquele abraço!