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TCHIVINGUIRO + 1 "CAUSO"...NOVA DANÇA ANGOLANA. by Antero Sete






TCHIVINGUIRO + 1 "CAUSO"...NOVA DANÇA ANGOLANA.
Estou trazendo para esta página um "causo" já contado por e:mail apenas para alguns colegas e amigos mas que acho justo reparti-lo com todos vocês em homenagem aos mais velhos e a uns poucos que também estavam presentes, num tempo talvez mais puro mas, mais apropriadamente, em que os meios justificavam os fins!
As recordações fugiram-me para o ano de 1959, talvez madrugadas de 60, só para situar a estorinha no tempo.
Como protagonista um nosso colega e amigo, infelizmente já falecido em terras sul americanas, a quem presto singela homenagem ao reverenciar a sua memória, e a mulher do nosso velho e competente cozinheiro, Joaquim.
Depois de uma bela tarde de sábado bem regada de tinto e acompanhado de saborosas fêbras de porco, bem ajindugadas, numa das tascas do lado direito da estrada do Caholo, que não era a do Lino, a turma bem disposta e animada como sempre, resolveu se mandar para uma rebita (baile para não faltar com o respeito ao anfitrião) para a qual tínhamos sido convidados pelo velho cozinheiro.
Carregando nos ombros dois garrafões, 1 de tinto e um outro de precioso e divino "Pau Ferro", made in Caholo, lá seguimos pelo carreiro, com as devidas precauções para não quebrar as relíquias que transportávamos com todo o carinho e, simultaneamente, vigiando para evitar que alguém mal intencionado tivesse a arte de fazer escorregar tão precioso néctar, goela abaixo.
Chegados à festa fomos recebidos de bom grado pelo dono da festança e não de tão bom grado por outros que já lá estavam!
Entregues os garrafões ao anfitrião e quebrado o gelo inicial por aquela invasão autorizada, fomo-nos escorregando por entre os demais convivas, ao som de valentes merengues arrancados de uma velha concertina, rusticamente martelada pelos dedos de um outro funcionário, não menos importante, no momento, que o anfitrião.
E a musica foi rolando, os pares remexilicando nas umbigadas, sobre a pista de terra batida, inundados pela luz da Lua, envolvidos por uma atmosfera pegajosa formada pelo cacimbo da noite, o suor escorrendo e o pó levantado do chão pelas batidas fortes dos pés e, de vez em quando, um odor esquisito e mal cheiroso escapado das entranhas de alguém!
O importante é que todo o mundo que conseguia par dançava e se divertia, cada um à sua maneira, até que a concertina deixou de soprar e a voz do dono da festa se elevou por sobre os murmúrios de descontentamento pela interrupção: "Tenção todos! Este música é prós minino nossos amigo. Sigui dança!"
E o dono da concertina caprichou, rasgando... um bolero!
Imaginem, foi o cumulo, um bolero, disputando espaço com merengues, sambas, "Pau Ferro", vinho, quimbombo e sabe-se lá mais o quê, além dos odores descuidados e desagradáveis, que já tinham se apossado da atmosfera!
E lá fomos nós para o bolero tropeçando nos pés descalços das nossas parceiras, nós de botas e algumas cardadas, verdadeira covardia que foi resgatada a tempo pelo engenho e arte de algumas das parceiras subirem nas nossas botas e se deixarem conduzir.
Mas, atenção, agora é que vem o verdadeiro "causo", pela voz sussurrada e não tão baixa, da mulher do nosso cozinheiro, muito sentimental, montada nas botas do nosso colega: "Puxa minino! Este musica trás um sentimento..."
Aquele abraço.

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