Menu

Novo site com conteúdos antigos do Bravenet

header photo

Blog Component

TCHIVINGUIRO + 1 "CAUSO"...HONRA AO MÉRITO DE UM COLEGA! by Antero Sete

  

 JOÃO EDUARDO DOS SANTOS MORAIS, "ESQUILO" 

 
 
Anchor

TCHIVINGUIRO + 1 "CAUSO"...HONRA AO MÉRITO DE UM COLEGA!

Não sei se caberá dentro desta página de "causos" mas nunca é demais prestar uma homenagem a um amigo e colega que,recentemente, na cidade do Recife,Pernambuco, Brasil, foi distinguido com um prémio que honra a todos nós cuja preparação para a vida passou pelos bancos do Tchivinguiro.
Muitas têm sido as distinções e homenagens atribuídas a colegas nossos, algumas amplamente divulgadas, outras nem tanto e que, por isso, se perdem no anonimato da modéstia e da memória.
O "causo" que vou contar, ou melhor a homenagem que pretendo fazer a este nosso colega e amigo de longa data, que em 1975, tal como a maioria de todos nós se viu obrigado a abandonar a cidade onde vivia com a sua família, esposa e duas adoráveis e pequeninas filhas, Malange, Angola, rumo a Nova Lisboa, onde abrigados no aeroporto daquela cidade durante o período de espera se integrou ao grupo de ajuda que colaborava no embarque das famílias que aguardavam a sua evacuação, com destino a Portugal.
Com este colega tive o prazer de conviver, primeiro em Luanda e mais tarde, por ironia do destino tornamo-nos colegas de trabalho na mesma empresa e em serviço percorremos milhares de quilómetros visitando e dando assistência aos agricultores desde o Lucala à Baixa do Cassange, no distrito do Cuanza Norte, sempre com o mesmo espírito de companheirismo e amizade que nos acompanha até hoje.
Nessas confusões e incertezas, após o 25 de Abril de 1974 nos perdemos um do outro até que, casualmente nos reencontrarmos em 1976, em Ribeirão Preto, Brasil e a partir daí sempre nos mantivemos em contacto, apesar das mudanças constantes de endereços e cidades a que a nossa profissão e as contingências da vida nos impunham.
Por várias circunstâncias, insucessos e desenganos (os cabelos brancos não são só oriundos da saudade e da idade mas, principalmente,dos desgostos e desenganos da vida, assim, mais ou menos reza um fado), o nosso amigo e colega teve a necessidade, por razões fundamentais de sobrevivência, de trocar a atividade de Eng. Técnico Agrário, profissão que havia escolhido ao ingressar no Tchivinguiro e abraçar aos quase 70 anos de idade, uma outra profissão, até então desconhecida para ele, a de Corretor e Avaliador de Imóveis. 
Atualmente o nosso colega é um bem sucedido micro empresário no ramo e, com tanto afinco e dedicação se empenhou nessa sua nova profissão que, surpreendam-se, no passado dia 27 de Agosto, Dia Nacional do Corretor de Imóveis foi agraciado pela Direção do sindicato da atividade,o SINDIMÓVEIS/PE, CRECI, 7 REGIÃO E SECOVI, com o troféu COLIBRI, ao fim de uns quatro anos de atividade, com a distinção de CORRETOR DE IMÓVEIS REVELAÇÃO DE 2014.
De quem falo? 
Do nosso colega e amigo JOÃO EDUARDO DOS SANTOS MORAIS, "ESQUILO" para os íntimos...não é à toa que eu digo que após o 25 de Abril de 1974, algo de bom sobrou para a maioria de nós, graças a muitos atributos, entre eles a competência, persistência, honestidade e conhecimento!
Parabéns,amigo, companheiro e colega!
Aquele abraço!

P.S. Outros colegas e amigos nossos mereceriam também um "causo" e um deles até, talvez um dia um livro, contando a sua história de vida, quem sabe talvez um dia, aconteça essa oportunidade!

 

 

EXCURSÃO DE ALUNOS DO TCHIVINGUIRO A PORTUGAL, FOI HÁ 50 ANOS! by Júlio Rodrigues

 

EXCURSÃO DE ALUNOS DO TCHIVINGUIRO A PORTUGAL, FOI HÁ 50 ANOS!

Foi há 50 anos! A primeira (e talvez única) visita de estudo ao exterior de Angola de alunos da Escola de Regentes Agrícolas “Dr. Francisco Machado” no Tchivinguiro.
Estávamos em 1964 mas desde uns anos antes falava-se numa excursão para fora do território mas cuja concretização se adiava… Até que, nesse ano, para grande satisfação e surpresa nossa se tornou realidade.
O grupo foi formado não só por finalistas, pois alguns na ocasião já estariam impedidos por motivos pessoais vários como tropa, estágio, etc., mas completaram-no pré-finalistas (4º ano). Tomámos um avião Friendship da DTA no Lubango para Luanda onde pernoitámos. e demandámos Lisboa no dia imediato em avião a jato fretado pela TAP.
Tenho quase escrita uma extensa crónica, o que não cabe aqui neste local, do que foi essa inesquecível, para nós, visita a Portugal, ao pormenor, programa oficial, episódios pitorescos, diversão extra programa, etc., pelo q fica aqui apenas um relato menor.
Foi assim que eu e muitos deixámos pela primeira vez o continente africano e pisámos Portugal. Compunham a excursão como professor o Dr. Manuel Fernandes e sua esposa, e dez (se não erro) alunos: A. Pires Dias; António Russo; C. Serra Santos; Eduardo Baeta; Fernando Lima; J. Geraldes de Matos; Júlio Rodrigues; M. Branco de Castro; N. Costa Santos; Rodolfo Veiga. Era pois uma mini excursão. Em Portugal foram designados como acompanhantes dois professores locais.
Para o evento foi imprimida uma interessante brochura, que conservo ainda hoje.
Consta desse programa que a visita se iniciou em Lisboa no dia 25 de julho e terminou a 12 de agosto de 1964, durando pois 19 dias nos quais percorrermos Portugal a partir da grande Lisboa para o Baixo Alentejo, Algarve, Alto Alentejo, Ribatejo, Beira Litoral, Minho e grande Porto. Antes houve a apresentação de cumprimentos a dois governantes, CMLisboa,  e a outra entidade. Naquelas regiões visitámos institutos, universidade, caves, adegas, silos, obras de rega, barragens, estações agronómica e agrárias, coudelaria, colonato, perímetros florestais, jardim botânico, parques, herdade, as (três) escolas de regentes agrícolas e as (três) práticas de agricultura nas quais fomos ficando alojados ao longo da excursão. Percorremos também locais turísticos, monumentos, templos, santuário de Fátima, complementando-se a excursão com um programa social oferecido de fados, almoços ou jantares especiais, feira popular, etc. Para além disso tivemos dias e noites livres em que por nossa conta nos divertimos nas cidades por onde passávamos. 
O dia 12 de agosto consta como dia livre em Lisboa e partida para Angola após a meia noite. Mas tal não aconteceu! Pois foi concedido aos excursionistas um período suplementar de permanência em Portugal de cerca de semana e meia em que cada um o aproveitou como quis, tendo sido garantido alojamento numa residência universitária em Lisboa. Foi uma excursão memorável, deslumbrante.
E assim nesse já adiantado agosto de 1964 regressámos enriquecidos à nossa querida Angola novamente pela TAP até Luanda para depois voltarmos ao Lubango num voo da DTA. A memória da excursão seria depois durante muito tempo partilhada em conversas deliciosas com familiares, amigos e colegas.

EXCURSÃO DE ALUNOS DO TCHIVINGUIRO A PORTUGAL, FOI HÁ 50 ANOS! by Júlio Rodrigues

 

EXCURSÃO DE ALUNOS DO TCHIVINGUIRO A PORTUGAL, FOI HÁ 50 ANOS!

Foi há 50 anos! A primeira (e talvez única) visita de estudo ao exterior de Angola de alunos da Escola de Regentes Agrícolas “Dr. Francisco Machado” no Tchivinguiro.
Estávamos em 1964 mas desde uns anos antes falava-se numa excursão para fora do território mas cuja concretização se adiava… Até que, nesse ano, para grande satisfação e surpresa nossa se tornou realidade.
O grupo foi formado não só por finalistas, pois alguns na ocasião já estariam impedidos por motivos pessoais vários como tropa, estágio, etc., mas completaram-no pré-finalistas (4º ano). Tomámos um avião Friendship da DTA no Lubango para Luanda onde pernoitámos. e demandámos Lisboa no dia imediato em avião a jato fretado pela TAP.
Tenho quase escrita uma extensa crónica, o que não cabe aqui neste local, do que foi essa inesquecível, para nós, visita a Portugal, ao pormenor, programa oficial, episódios pitorescos, diversão extra programa, etc., pelo q fica aqui apenas um relato menor.
Foi assim que eu e muitos deixámos pela primeira vez o continente africano e pisámos Portugal. Compunham a excursão como professor o Dr. Manuel Fernandes e sua esposa, e dez (se não erro) alunos: A. Pires Dias; António Russo; C. Serra Santos; Eduardo Baeta; Fernando Lima; J. Geraldes de Matos; Júlio Rodrigues; M. Branco de Castro; N. Costa Santos; Rodolfo Veiga. Era pois uma mini excursão. Em Portugal foram designados como acompanhantes dois professores locais.
Para o evento foi imprimida uma interessante brochura, que conservo ainda hoje.
Consta desse programa que a visita se iniciou em Lisboa no dia 25 de julho e terminou a 12 de agosto de 1964, durando pois 19 dias nos quais percorrermos Portugal a partir da grande Lisboa para o Baixo Alentejo, Algarve, Alto Alentejo, Ribatejo, Beira Litoral, Minho e grande Porto. Antes houve a apresentação de cumprimentos a dois governantes, CMLisboa,  e a outra entidade. Naquelas regiões visitámos institutos, universidade, caves, adegas, silos, obras de rega, barragens, estações agronómica e agrárias, coudelaria, colonato, perímetros florestais, jardim botânico, parques, herdade, as (três) escolas de regentes agrícolas e as (três) práticas de agricultura nas quais fomos ficando alojados ao longo da excursão. Percorremos também locais turísticos, monumentos, templos, santuário de Fátima, complementando-se a excursão com um programa social oferecido de fados, almoços ou jantares especiais, feira popular, etc. Para além disso tivemos dias e noites livres em que por nossa conta nos divertimos nas cidades por onde passávamos. 
O dia 12 de agosto consta como dia livre em Lisboa e partida para Angola após a meia noite. Mas tal não aconteceu! Pois foi concedido aos excursionistas um período suplementar de permanência em Portugal de cerca de semana e meia em que cada um o aproveitou como quis, tendo sido garantido alojamento numa residência universitária em Lisboa. Foi uma excursão memorável, deslumbrante.
E assim nesse já adiantado agosto de 1964 regressámos enriquecidos à nossa querida Angola novamente pela TAP até Luanda para depois voltarmos ao Lubango num voo da DTA. A memória da excursão seria depois durante muito tempo partilhada em conversas deliciosas com familiares, amigos e colegas.

Escola de Regentes Agrícolas do Tchivinguiro

Escola de Regentes Agrícolas do Tchivinguiro (bilhete postal, 1950) in Loureiro, J., Memórias de Angola, ed. do Autor, 2000, p.140
 
 
 

Escola de Regentes Agrícolas do Tchivinguiro

Humpata, Huíla, Angola

Equipamentos e infraestruturas

A Escola de Regentes Agrícolas do Tchivinguiro, do arquiteto Vasco Regaleira, é uma instituição de referência no país (à qual se associam a Igreja do Tchivinguiro e a Missão, ambas de 1892). Embora tenha sido criada em 1938, com o nome de Escola Agro‐Pecuária da Huíla (inicialmente designada Escola Agro‐Pecuária Dr. Francisco Vieira Machado), a primeira pedra do edifício só é lançada em 1942, e apenas em 1957 passa a Escola de Regentes Agrícolas. Em junho de 1980 passa a ser denominada Complexo Escolar Agrário do Tchivinguiro e posteriormente, até à atualidade, Instituto de Ciências Agrárias e Veterinárias.

TCHIVINGUIRO + 1 "CAUSO"... O DIA DO REGENTE... E O PRETENSO CUNHADO... by Antero Sete

TCHIVINGUIRO + 1 "CAUSO"... O DIA DO REGENTE... E O PRETENSO
CUNHADO...
Lembrando o dia 10 do mês de Junho do saudoso ano de 1966, meu ultimo ano como aluno no Tchivinguiro, um grupo de uns 15 colegas a maioria finalistas, resolveu festejar, com muita raça e Angolanidade, o Dia do Regente Agrícola, em Sá da Bandeira, com uma tradicional "Moamba", servida por encomenda, num restaurante ou bar que ficava entre o centro da cidade e o bairro da Lage, umas três ou quatro ruas paralelas e para baixo da antiga Rua Major Camisão (obrigado Voni por me teres lembrado do nome da rua onde moravas) que até não era muito frequentado por nós mas que foi o único que se propôs, segundo os colegas encarregados da organização do almoço, a preparar a "Moamba".
Entre os participantes estava um colega, que não descia para a cidade há mais de um mês e que entrara em desespero ao ver quase perdidas as dispensas de oito exames finais por causa das escapadas frequentes à cidade para marcar presença junto da namorada, que morava para aqueles lados perto da Roda, restaurante com pretensões boémias, pertencente ao nosso amigo Jacinto (não confundir com a Royal, que também era do Jacinto).
Continuando o "causo" e segundo ainda esse colega que tinha o hábito antigo de outros anos, de se isolar no Tchivinguiro, no ultimo mês de cada período, para recuperação das notas perdidas, esquecendo e suspendendo as escapadelas para Sá da Bandeira, as visitas às namoradas, antigas e à actual, facto que muito desagradou a titular da época, ao ponto de ter imposto um "ultimatum" ao dito cujo colega:" só vais ao almoço, se levares o meu irmão, senão acaba o nosso namoro , já!"
Perante tão ditatorial e feminina determinação, não teve o nosso colega outro remédio, para não perder o almoço e a namorada, senão levar o candidato a cunhado ao almoço de homenagem aos Regentes Agrícolas e, assim, lá seguiram para o restaurante, o nosso colega e o candidato a cunhado a tiracolo, um rapazote dos seus 15 ou 16 anos magrote e espinhento, prenuncio do início da puberdade, mas muito bem vestido, nos trinques, era hábito da família, o pai e o rapazote só calçavam peúgas brancas e naquele dia o rapazinho vestia um casaco branco, esporte, acabadinho de sair do manequim do Figurino da Huila, camisa também branca e calça castanho tabaco, com mocassins castanhos,a combinar, e as já referidas peúgas brancas! Detive-me no figurino porque duas das peças são fundamentais para o desenrolar e compreensão do "causo" e não porque eu entenda de moda!
Chegados ao restaurante e apresentado o candidato a cunhado, logo uns três colegas resolveram adotar e cuidar do referido, integrando-o no conjunto com um brinde saudado com um copázio de Sanguinhal...ao som de um "vira, ó vira"...e deu-se início à comilança e ao "viranço" também!
O almoço prosseguiu entre discursos e copázios, garfadas de "Moamba", gritos de praxe, por tudo e por nada e o moço que estava aos cuidados dos tais colegas, perante tantos extremismos, aos quais não estava habituado, desabou em cima do prato com a cara enfiada numa mistura repugnante de vómito amarelado, laivos rosáceos de vinho e restos de "Moamba"! Bem, antes que vocês me xinguem por descrição tão nojenta, vou pular esta parte e começar a contar a nossa preocupação em dar um aspecto apresentável e limpo ao infeliz do coitado, que nesta altura, já só era uma nódoa amarelada de tanto vómito em cima dele mesmo, que nem as peúgas brancas escaparam!
Como ele não estava totalmente desacordado, só enjoado, alguém sugeriu que talvez fosse bom lavar o casaco e a camisa, num tanque existente no quintal nos fundos do restaurante! Sugestão aceite, lá foi um grupo lavar o casaco e a camisa esfregando-os com sabão de coco, em barra, na pedra do tanque batalhando para limpar as manchas existentes e proporcionar um aspecto mais saudável e decente ao vestuário já descrito . Após lavados, camisa e casaco, foram postos para secar, pendurados num arame, presos por molas... e a festa continuou, para nós outros, já que o candidato a cunhado mergulhou num sono profundo e reparador, debruçado sobre a mesa, semi despido!
Lá pelo final da tarde, fomos retirar do arame a camisa e o casaco, quase secos ao que a esposa do dono do restaurante, gentilmente, nos emprestou um ferro de passar e uma tábua para darmos um aspecto mais apresentável às peças e vesti-las no rapazinho, já mais firme nas canelas e se aguentando de pé! 
Só que o visual era deplorável, o casaco continuava manchado e, pior, tinha encolhido formando pregas onduladas na lapela, na gola e nas ombreiras, mal servindo no rapazinho, ficando a cintura no peito ou vice-versa o peito na cintura, e o encardido amarelado da camisa aparecendo por entre as lapelas da gola...mas, mesmo assim, lá conseguimos vestir a camisa e o casaco no coitado, apesar dos seus protestos e da firme determinação do nosso colega: "eu te fui buscar vestido e vou-te devolver...vestido!" e descemos todos em grupo, aquela avenida do Liceu, a pé, já principio da noite, atravessando a praça onde ficava o Palácio do Governo, descendo em direção ao "Picadeiro" lotado de amigos, amigas, colegas e simples desconhecidos, dando explicações a quem as pedia e queria, sobre o visual daquele que tinha sido nosso convidado, por imposição e intransigência feminina.
Mas o mais difícil estava para vir, quem e como iriam entregar a "encomenda" no seu domicílio, enfrentar a namorada, a mãe e, quiçá, o pai dele?
"Ó meu amigo, a namorada é tua, o sogro é teu, portanto o problema também é teu"... e após uma breve conferência largamos o nosso colega e o candidato a cunhado na porta do prédio onde ele morava, mas ainda a tempo de escutar a namorada do colega, chamando: "Mãezinha, vem cá abaixo ver o que eles fizeram com..." e os impropérios se foram perdendo na distância das nossas passadas apressadas, nos afastando do lugar, a caminho de outra farra!
Como terminou este "causo"? Simples, o namoro do nosso colega acabou e ele nunca nos disse o que tinha escutado da namorada e da pretendente a sogra, mas nem tudo foi perdido, o nosso colega conseguiu dispensar de todos os exames! Assim o prejuízo não foi total! O que aconteceu com a namorada? Anos mais tarde casou com outro colega nosso... e o irmão? Deve estar bem, nunca mais o vimos...saudades para todos e ... aquele abraço com a nossa homenagem a todos os Regentes Agrícolas, hoje Engenheiros Técnicos Agrários, pelo nosso dia, 10 de Junho de todos os anos passados e vindouros, da Raça e do Camões! 
Ao Alto, Ao Alto ! Charrua!
E quem somos nós? Regentes educados muito quietos e calados...ai somos?

TCHIVINGUIRO + 1 "CAUSO"... O DIA DO REGENTE... E O PRETENSO CUNHADO... by Antero Sete

TCHIVINGUIRO + 1 "CAUSO"... O DIA DO REGENTE... E O PRETENSO
CUNHADO...
Lembrando o dia 10 do mês de Junho do saudoso ano de 1966, meu ultimo ano como aluno no Tchivinguiro, um grupo de uns 15 colegas a maioria finalistas, resolveu festejar, com muita raça e Angolanidade, o Dia do Regente Agrícola, em Sá da Bandeira, com uma tradicional "Moamba", servida por encomenda, num restaurante ou bar que ficava entre o centro da cidade e o bairro da Lage, umas três ou quatro ruas paralelas e para baixo da antiga Rua Major Camisão (obrigado Voni por me teres lembrado do nome da rua onde moravas) que até não era muito frequentado por nós mas que foi o único que se propôs, segundo os colegas encarregados da organização do almoço, a preparar a "Moamba".
Entre os participantes estava um colega, que não descia para a cidade há mais de um mês e que entrara em desespero ao ver quase perdidas as dispensas de oito exames finais por causa das escapadas frequentes à cidade para marcar presença junto da namorada, que morava para aqueles lados perto da Roda, restaurante com pretensões boémias, pertencente ao nosso amigo Jacinto (não confundir com a Royal, que também era do Jacinto).
Continuando o "causo" e segundo ainda esse colega que tinha o hábito antigo de outros anos, de se isolar no Tchivinguiro, no ultimo mês de cada período, para recuperação das notas perdidas, esquecendo e suspendendo as escapadelas para Sá da Bandeira, as visitas às namoradas, antigas e à actual, facto que muito desagradou a titular da época, ao ponto de ter imposto um "ultimatum" ao dito cujo colega:" só vais ao almoço, se levares o meu irmão, senão acaba o nosso namoro , já!"
Perante tão ditatorial e feminina determinação, não teve o nosso colega outro remédio, para não perder o almoço e a namorada, senão levar o candidato a cunhado ao almoço de homenagem aos Regentes Agrícolas e, assim, lá seguiram para o restaurante, o nosso colega e o candidato a cunhado a tiracolo, um rapazote dos seus 15 ou 16 anos magrote e espinhento, prenuncio do início da puberdade, mas muito bem vestido, nos trinques, era hábito da família, o pai e o rapazote só calçavam peúgas brancas e naquele dia o rapazinho vestia um casaco branco, esporte, acabadinho de sair do manequim do Figurino da Huila, camisa também branca e calça castanho tabaco, com mocassins castanhos,a combinar, e as já referidas peúgas brancas! Detive-me no figurino porque duas das peças são fundamentais para o desenrolar e compreensão do "causo" e não porque eu entenda de moda!
Chegados ao restaurante e apresentado o candidato a cunhado, logo uns três colegas resolveram adotar e cuidar do referido, integrando-o no conjunto com um brinde saudado com um copázio de Sanguinhal...ao som de um "vira, ó vira"...e deu-se início à comilança e ao "viranço" também!
O almoço prosseguiu entre discursos e copázios, garfadas de "Moamba", gritos de praxe, por tudo e por nada e o moço que estava aos cuidados dos tais colegas, perante tantos extremismos, aos quais não estava habituado, desabou em cima do prato com a cara enfiada numa mistura repugnante de vómito amarelado, laivos rosáceos de vinho e restos de "Moamba"! Bem, antes que vocês me xinguem por descrição tão nojenta, vou pular esta parte e começar a contar a nossa preocupação em dar um aspecto apresentável e limpo ao infeliz do coitado, que nesta altura, já só era uma nódoa amarelada de tanto vómito em cima dele mesmo, que nem as peúgas brancas escaparam!
Como ele não estava totalmente desacordado, só enjoado, alguém sugeriu que talvez fosse bom lavar o casaco e a camisa, num tanque existente no quintal nos fundos do restaurante! Sugestão aceite, lá foi um grupo lavar o casaco e a camisa esfregando-os com sabão de coco, em barra, na pedra do tanque batalhando para limpar as manchas existentes e proporcionar um aspecto mais saudável e decente ao vestuário já descrito . Após lavados, camisa e casaco, foram postos para secar, pendurados num arame, presos por molas... e a festa continuou, para nós outros, já que o candidato a cunhado mergulhou num sono profundo e reparador, debruçado sobre a mesa, semi despido!
Lá pelo final da tarde, fomos retirar do arame a camisa e o casaco, quase secos ao que a esposa do dono do restaurante, gentilmente, nos emprestou um ferro de passar e uma tábua para darmos um aspecto mais apresentável às peças e vesti-las no rapazinho, já mais firme nas canelas e se aguentando de pé! 
Só que o visual era deplorável, o casaco continuava manchado e, pior, tinha encolhido formando pregas onduladas na lapela, na gola e nas ombreiras, mal servindo no rapazinho, ficando a cintura no peito ou vice-versa o peito na cintura, e o encardido amarelado da camisa aparecendo por entre as lapelas da gola...mas, mesmo assim, lá conseguimos vestir a camisa e o casaco no coitado, apesar dos seus protestos e da firme determinação do nosso colega: "eu te fui buscar vestido e vou-te devolver...vestido!" e descemos todos em grupo, aquela avenida do Liceu, a pé, já principio da noite, atravessando a praça onde ficava o Palácio do Governo, descendo em direção ao "Picadeiro" lotado de amigos, amigas, colegas e simples desconhecidos, dando explicações a quem as pedia e queria, sobre o visual daquele que tinha sido nosso convidado, por imposição e intransigência feminina.
Mas o mais difícil estava para vir, quem e como iriam entregar a "encomenda" no seu domicílio, enfrentar a namorada, a mãe e, quiçá, o pai dele?
"Ó meu amigo, a namorada é tua, o sogro é teu, portanto o problema também é teu"... e após uma breve conferência largamos o nosso colega e o candidato a cunhado na porta do prédio onde ele morava, mas ainda a tempo de escutar a namorada do colega, chamando: "Mãezinha, vem cá abaixo ver o que eles fizeram com..." e os impropérios se foram perdendo na distância das nossas passadas apressadas, nos afastando do lugar, a caminho de outra farra!
Como terminou este "causo"? Simples, o namoro do nosso colega acabou e ele nunca nos disse o que tinha escutado da namorada e da pretendente a sogra, mas nem tudo foi perdido, o nosso colega conseguiu dispensar de todos os exames! Assim o prejuízo não foi total! O que aconteceu com a namorada? Anos mais tarde casou com outro colega nosso... e o irmão? Deve estar bem, nunca mais o vimos...saudades para todos e ... aquele abraço com a nossa homenagem a todos os Regentes Agrícolas, hoje Engenheiros Técnicos Agrários, pelo nosso dia, 10 de Junho de todos os anos passados e vindouros, da Raça e do Camões! 
Ao Alto, Ao Alto ! Charrua!
E quem somos nós? Regentes educados muito quietos e calados...ai somos?

TCHIVINGUIRO + 1 "CAUSO"... OS MARRECOS DE PEQUIM...QUE NÃO ERAM DA CHINA! by Antero Sete

TCHIVINGUIRO + 1 "CAUSO"... OS MARRECOS DE PEQUIM...QUE NÃO ERAM DA CHINA!

Este "causo" começa a ser contado daquela maneira tradicional como começam todas as estórinhas bem comportadas ouvidas na nossa infância...
Era uma vez... seis patinhos Marrecos de Pequim, branquinhos de fazer inveja aquelas roupas lavadas com aquele sabão em pó que lava mais branco... os seis patinhos vieram da África do Sul, entraram em Angola pela fronteira do deserto, passaram pelo Caracul, Capangombe, Bruco, subiram a serra da Chela até ao Tchivinguiro e ficaram por ali, curtindo a vida, nos arredores da vacaria aos cuidados do Jaime, sob a proteção do Dr. Pablo "Batuta" e durante o dia, felizes, se banhavam nas águas cristalinas e fresquinhas da vala que ficava perto da vacaria, o sol resplandecendo no ouro brilhante dos seus bicos amarelos, até que numa noite sinistra de sexta feira, que talvez nem fosse sexta feira 13, cinco figuras, ainda mais sinistras e aterrorizantes do que a escuridão da própria noite, escondidas nas trevas se abeiraram da inocência de três velhos guardas mumuilas que pacíficamente pitavam os seus rústicos cachimbos, ao relento, em volta de uma fogueira aquecendo os próprios ossos e espantando com as suas labaredas os maus espíritos noturnos, quando uma figura sinistra, baixinha e cabeçuda saída das trevas se foi aproximando envolto na musica de uma gaita, que nós chamávamos de beiços, e que ela, a figura sinistra, tocava com meneios de menestrel, sentou-se entre os velhos guardas tagarelando uma língua arcaica e desconhecida de gente civilizada, mas que só eles entendiam!
Enquanto isso, as outras quatro figuras sinistras, entraram na vacaria e arrebanharam, para dentro de um saco, dois dos seis inocentes e alvos Marrecos de Pequim, que dormiam tranquilamente aquecidos pelo bafo da Mimosa e das outras vaquinhas suas amigas...
Contam as más línguas o triste fim dos Marrequinhos de Pequim, lá para os lados do lago ou, talvez da cascata seca, que depois de depenados terminaram num ensosso e duro churrasco, sem terem tido o direito e a oportunidade de emitirem, sequer, um simples quá, quá, quá...de protesto ou despedida!
Mas o "causo" não terminou por aqui porque galgou outras dimensões além vacaria! Uma ordem poderosa foi decretada pelo Dr. "Batuta": "todas as autorizações para sair da Escola e passar o fim de semana em Sá da Bandeira estão suspensas, até que o restante dos <<pilha marrecos>>, porque um eu já sei quem é, se apresentem e assumam a responsabilidade do seu acto ignóbil de... marrequicidio!"
E assim ficamos nós, reféns na antiga sala de estudos, depois das aulas, no final da manhã de sábado, antes e depois do almoço, com o pai e a irmã do nosso colega Aníbal esperando pela revogação da ordem no lado de fora do edifício, que há época servia de Internato, refeitório e sala de aulas, divididos em dois grupos o que apoiava o tocador da gaita, que nós chamávamos de beiços, que de jeito nenhum queria denunciar os comparsas, exigência do "Batuta" para liberar geral as licenças e o outro grupo que estimulava a denuncia...e o tempo foi passando até que os demais integrantes da quadrilha chegaram ao bom senso de "que não era justo os outros pagarem pelo que nós fizemos" e apresentaram-se assumindo a responsabilidade do acto ignóbil de... marrequicidio.
Como terminou? Simples! O Aníbal, que não tinha nada a ver com o "causo" dos marrecos, foi com o pai e a irmã para Sá da Bandeira, levando de boleia o Completo e o Morais e Castro, os outros que também iam para Sá da Bandeira desenrascaram-se do jeito de sempre, quanto aos "sinistros" do nosso "causo" ficaram se entendendo com o "Batuta" e segundo o tocador da gaita, que nós chamávamos de beiços, os marrecos até que não saíram caros, apenas 150 escudos cada um, porque, segundo ele eram falsificados, não eram genuínos de Pequim, da China, mas sim da África do Sul...
Quem eram eles? O Hernani Torrinha o tocador da gaita, que nós chamávamos de beiços, já se denunciou num comentário feito na página do amigo e colega Rui Torrinha, ao contrário de antigamente ele também já foi entregando o Paulos, que hoje é Doutor, o Colaço que curte a aposentadoria em Arapiraca, Alagoas, Brasil e o nosso saudoso amigo e colega de turma Viseu Fernandes...que vergonha Hernâni, quem diria que ao fim de tantos anos tu te tornarias num... dedo duro, mais duro do que o teu churrasco de marrecos!
Aquele abraço!


P.S. Conseguimos, com exclusividade Google, a foto das duas inocentes vitimas, ainda em vida e a foto do que as figuras malignas pretendiam fazer com os Marrequinhos. Só que faltou competência porque eles próprios reclamaram da qualidade do churrasco!
 

TCHIVINGUIRO + 1 "CAUSO"... OS MARRECOS DE PEQUIM...QUE NÃO ERAM DA CHINA! by Antero Sete

TCHIVINGUIRO + 1 "CAUSO"... OS MARRECOS DE PEQUIM...QUE NÃO ERAM DA CHINA!

Este "causo" começa a ser contado daquela maneira tradicional como começam todas as estórinhas bem comportadas ouvidas na nossa infância...
Era uma vez... seis patinhos Marrecos de Pequim, branquinhos de fazer inveja aquelas roupas lavadas com aquele sabão em pó que lava mais branco... os seis patinhos vieram da África do Sul, entraram em Angola pela fronteira do deserto, passaram pelo Caracul, Capangombe, Bruco, subiram a serra da Chela até ao Tchivinguiro e ficaram por ali, curtindo a vida, nos arredores da vacaria aos cuidados do Jaime, sob a proteção do Dr. Pablo "Batuta" e durante o dia, felizes, se banhavam nas águas cristalinas e fresquinhas da vala que ficava perto da vacaria, o sol resplandecendo no ouro brilhante dos seus bicos amarelos, até que numa noite sinistra de sexta feira, que talvez nem fosse sexta feira 13, cinco figuras, ainda mais sinistras e aterrorizantes do que a escuridão da própria noite, escondidas nas trevas se abeiraram da inocência de três velhos guardas mumuilas que pacíficamente pitavam os seus rústicos cachimbos, ao relento, em volta de uma fogueira aquecendo os próprios ossos e espantando com as suas labaredas os maus espíritos noturnos, quando uma figura sinistra, baixinha e cabeçuda saída das trevas se foi aproximando envolto na musica de uma gaita, que nós chamávamos de beiços, e que ela, a figura sinistra, tocava com meneios de menestrel, sentou-se entre os velhos guardas tagarelando uma língua arcaica e desconhecida de gente civilizada, mas que só eles entendiam!
Enquanto isso, as outras quatro figuras sinistras, entraram na vacaria e arrebanharam, para dentro de um saco, dois dos seis inocentes e alvos Marrecos de Pequim, que dormiam tranquilamente aquecidos pelo bafo da Mimosa e das outras vaquinhas suas amigas...
Contam as más línguas o triste fim dos Marrequinhos de Pequim, lá para os lados do lago ou, talvez da cascata seca, que depois de depenados terminaram num ensosso e duro churrasco, sem terem tido o direito e a oportunidade de emitirem, sequer, um simples quá, quá, quá...de protesto ou despedida!
Mas o "causo" não terminou por aqui porque galgou outras dimensões além vacaria! Uma ordem poderosa foi decretada pelo Dr. "Batuta": "todas as autorizações para sair da Escola e passar o fim de semana em Sá da Bandeira estão suspensas, até que o restante dos <<pilha marrecos>>, porque um eu já sei quem é, se apresentem e assumam a responsabilidade do seu acto ignóbil de... marrequicidio!"
E assim ficamos nós, reféns na antiga sala de estudos, depois das aulas, no final da manhã de sábado, antes e depois do almoço, com o pai e a irmã do nosso colega Aníbal esperando pela revogação da ordem no lado de fora do edifício, que há época servia de Internato, refeitório e sala de aulas, divididos em dois grupos o que apoiava o tocador da gaita, que nós chamávamos de beiços, que de jeito nenhum queria denunciar os comparsas, exigência do "Batuta" para liberar geral as licenças e o outro grupo que estimulava a denuncia...e o tempo foi passando até que os demais integrantes da quadrilha chegaram ao bom senso de "que não era justo os outros pagarem pelo que nós fizemos" e apresentaram-se assumindo a responsabilidade do acto ignóbil de... marrequicidio.
Como terminou? Simples! O Aníbal, que não tinha nada a ver com o "causo" dos marrecos, foi com o pai e a irmã para Sá da Bandeira, levando de boleia o Completo e o Morais e Castro, os outros que também iam para Sá da Bandeira desenrascaram-se do jeito de sempre, quanto aos "sinistros" do nosso "causo" ficaram se entendendo com o "Batuta" e segundo o tocador da gaita, que nós chamávamos de beiços, os marrecos até que não saíram caros, apenas 150 escudos cada um, porque, segundo ele eram falsificados, não eram genuínos de Pequim, da China, mas sim da África do Sul...
Quem eram eles? O Hernani Torrinha o tocador da gaita, que nós chamávamos de beiços, já se denunciou num comentário feito na página do amigo e colega Rui Torrinha, ao contrário de antigamente ele também já foi entregando o Paulos, que hoje é Doutor, o Colaço que curte a aposentadoria em Arapiraca, Alagoas, Brasil e o nosso saudoso amigo e colega de turma Viseu Fernandes...que vergonha Hernâni, quem diria que ao fim de tantos anos tu te tornarias num... dedo duro, mais duro do que o teu churrasco de marrecos!
Aquele abraço!


P.S. Conseguimos, com exclusividade Google, a foto das duas inocentes vitimas, ainda em vida e a foto do que as figuras malignas pretendiam fazer com os Marrequinhos. Só que faltou competência porque eles próprios reclamaram da qualidade do churrasco!
 

TCHIVINGUIRO + 1 "CAUSO" ... A VIAGEM INESQUECÍVEL! (2) VAMOS A VER SE OS AMIGOS E COLEGAS AQUI CITADOS AINDA SE VÃO LEMBRAR DESTE "CAUSO". by Antero Sete

"Aos meus amigos quero agradecer o retorno e os comentários sobre este "causo" no qual eu próprio não "botei muita fé", por achá-lo pouco interessante! Mas é isso aí, vocês me surpreenderam!
Aquele abraço, do Sete!"

Continuando a narração do "causo", lá fomos nós portando e tomados daquela ansiedade receosa, a caminho da Robert & Hudson, preparados para o pior...
Chegados, cheios de cerimónias como se fossemos ver o Papa, fomos saudados pelo gerente com um "tá pronto!" enquanto se dirigia para o interior da oficina e nos mostrava o "Fusquinha", brilhando, porque até lhe tinham dado um banho! (Ai Jesus, pensei eu, vamos ter que deixar o "Fusquinha" e voltar a pé!)...
Ó! Que bom! Muito obrigado! E nós com aquele sorrisinho amarelo, a modos de quem está com dor de barriga, agora a parte mais dolorosa... quanto devemos? Minutos, talvez nem minutos mas segundos de angustia perante a cara gozadora do gerente que se abriu num sorriso e disse..."nada! Boa viagem!" O quê? Não podia ser, afinal vocês trocaram as peças com defeito, até o pneu foi substituído... ainda lavaram o carro...não dá para entender, o que é isso? (E eu rezando para que fosse mesmo isso!) Pois que era isso mesmo, respondeu o gerente, se vocês quiserem deixem um "matabicho" para os mecânicos que cuidaram do carro...e boa viagem! E foi o que fizemos antes que ele, gerente,se arrependesse, depois de muitos agradecimentos e promessas de amizade e reconhecimento eternos, que não sei se alguma vez foram cumpridas, lá nos pusemos a caminho devidamente saudados pelo "Ao Alto, Ao Alto! Charrua" e pelos PH! 6,6,6! berrados pelos nossos colegas que nos acenavam desejando melhor sorte para o final da viagem!
Assim, por volta das 15 horas estávamos saindo de Nova Lisboa com destino a Luanda, numa bela pista asfaltada, carro revisado, dinheirinho no bolso, logo logo passando por Chitatamera, (até hoje não sei de onde tiraram esse nome), o que não impediu que por associação sonora soltássemos a voz num caprichado... "Guantanamera/Guajira, one Guantanamera/One Guantanamera/Guajira, one Guantanamera/ Yo soy un hombre sincero/Guantanamera...) canção e música que estava muito em voga na época e que nos embalou em muitos bailaricos. Rápidamente passamos por Hunguéria (outro nome que não sei de onde veio), Alto Hama a caminho da Cela, onde pretendíamos parar para abastecer e comer alguma coisa no posto da Sacor e foi o que fizemos, calculando que por volta da meia-noite estaríamos já em Luanda!
Nada como um carro rodando seguro e vistoriado de borla pela Robert & Hudson, uma boa estrada com belas paisagens para apreciar e rápidamente deixamos a Quibala e o seu forte lá no alto da pedra á nossa direita mas que infelizmente não íamos poder visitar porque estávamos ansiosos para chegar a Luanda!
Deixamos o Lussusso para trás a caminho do Dondo mas, naquela descida que antecedia a reta que dava acesso ao Dondo a luzinha vermelha do painel acendeu avisando de que alguma coisa não estava em ordem no motor, enquanto que o ponteiro que indicava a temperatura galgava célere para o seu ponto máximo, não restando outra alternativa a não ser encostar na beira da estrada e ir verificar o que estava acontecendo, maldizendo como não lembramos de incluir uma lanterna na caixa das ferramentas, que também não existia, mas apesar da escuridão conseguimos ver que desta vez tinha sido a correia da ventoinha do motor que dera o berro, ressequida e quebrada! O que fazer? Só nos restava esperar para que alguém passasse e parasse para nos socorrer, o que não tardou muito e logo no lado oposto da pista encostou um camião, seguido de mais dois ou três, cujos motoristas se juntaram a nós, em reunião, lamentando não poder ajudar, já que as correias que eles tinham eram muito grandes e não serviam para o nosso carro, apesar que um deles, cheio de boa vontade, ia trançando uma trança com duas cordas para substituir a correia e assim nós poderíamos chegar até ao Dondo, artimanha essa que apesar da boa vontade não deu certo. Enquanto isso, mais e mais camiões iam parando à beira da estrada e aquele bom espirito comum de solidariedade dos camionistas ia-se revelando através da ajuda e das frases de animo que nos eram dirigidas, todos querendo ajudar mas ninguém resolvendo nada, não por falta de vontade mas pelas circunstâncias do momento, até que um deles sugeriu o que parecia ser o mais óbvio: "olhem estou indo para Luanda, um de vocês pega uma boleia comigo até ao Dondo, deixo-o ficar no posto, onde ele pode comprar uma correia e pega uma boleia de volta com algum companheiro que venha para estes lados!" Parecia ser o mais lógico até que um automóvel ligeiro parou mais na frente e dele saiu um sujeito que para nosso espanto foi logo dizendo:"Selminha! O que você está fazendo aqui?" Era um amigo da família do Rui Flora, que após se inteirar do que estava acontecendo logo se prontificou a continuar viagem, levando a Selma para casa, malandro, e sem pensar em nos ajudar! Deixa esses malucos aqui, ao que a Selma e o Flora se opuseram dizendo que iam continuar connosco, até que o referido senhor, após muita conversa, aceitou levar a Selma e o Flora até ao Dondo, ajudá-los a procurarem uma correia e trazê-los de volta e à correia também, para que pudéssemos colocá-la no lugar com a ajuda dos camionistas, já que sem caixa de ferramentas e sem as ditas cujas, apenas tínhamos os ferros desmonta e o macaco, não seria possível desaparafusar a polia e colocar a correia. E foi o que foi feito enquanto eu, o Fausto e os camionistas esperávamos e papeávamos junto do "Fusca" (até descobri que entre eles estava um amigo do meu saudoso padrinho o jornalista Albuquerque Cardoso e como prova sacou da carteira o cartão de visitas que o meu padrinho lhe havia dado).
Lógico que a nossa previsão de chegada a Luanda já era, porque o relógio marcava 23 horas e 30 minutos e nós de papo com os camionistas, sentados no asfalto da beira da estrada, esperando a Selma e o Flora que chegaram quase à meia noite, depois de terem saboreado uns cacussos na varanda do hotel, à beira Cuanza e para nós não trouxeram nem as espinhas!
Colocada a correia, operação meio complicada e com muitos e variados palpites, dados por todos porque tínhamos de acertar a posição e a ordem de colocação das anilhas que esticavam a correia, agradecemos e nos despedimos com muitos apertos de mão e abraços dos nossos mais recentes amigos e continuamos viagem, escoltados até ao Dondo pelo amigo dos Floras e daí para a frente depois de um aceno o sujeito pôs o pé na tábua e nunca mais o vimos!
E nós seguimos na escuridão da noite, passando por Zenza do Itombe, Calomboloca, nem paramos para comprar as docinhas laranjas e os saborosos maboques das quitandeiras que já não estavam mais à beira da estrada, dormindo o sono justo de quem não tinha TV para assistir e nem luz elétrica para prolongar o dia, Catete, dizem que aqui nasceu o Agostinho Neto, Viana, onde anos mais tarde o meu amigo Carvalho ex-Ecomar instalou uma fábrica de sapatos femininos e por fim Luanda, quando no dia seguinte, isto é, no mesmo dia, no fim da tarde entreguei o "Fusquinha" para o "Esgoia" e essa foi a ultima vez que me despedi e abracei o meu amigo e nosso colega que uma bala traiçoeira o levou deste mundo, durante uma emboscada!
O que nos ficou desta viagem foi a solidariedade, a vontade de ajudar que recebemos de pessoas que nem conhecíamos e que em troca não esperavam nada de nós a não ser um sorriso e um abraço agradecido por tantas gentilezas recebidas, um espirito bem português e típico de quem vivia em Angola, independente de raça, religião e posição social, transpondo as "Portas do Tchivinguiro" e abrindo corações para o resto de Angola!
Outros detalhes que eu não lembrei poderão ser fornecidos pelos nossos colegas Fausto Costa, que mora em Portugal e pelo Rui Flora e a sua irmã Selma, algures, talvez em Angola.
Aquele abraço!

TCHIVINGUIRO + 1 "CAUSO" ... A VIAGEM INESQUECÍVEL! (2) VAMOS A VER SE OS AMIGOS E COLEGAS AQUI CITADOS AINDA SE VÃO LEMBRAR DESTE "CAUSO". by Antero Sete

"Aos meus amigos quero agradecer o retorno e os comentários sobre este "causo" no qual eu próprio não "botei muita fé", por achá-lo pouco interessante! Mas é isso aí, vocês me surpreenderam!
Aquele abraço, do Sete!"

Continuando a narração do "causo", lá fomos nós portando e tomados daquela ansiedade receosa, a caminho da Robert & Hudson, preparados para o pior...
Chegados, cheios de cerimónias como se fossemos ver o Papa, fomos saudados pelo gerente com um "tá pronto!" enquanto se dirigia para o interior da oficina e nos mostrava o "Fusquinha", brilhando, porque até lhe tinham dado um banho! (Ai Jesus, pensei eu, vamos ter que deixar o "Fusquinha" e voltar a pé!)...
Ó! Que bom! Muito obrigado! E nós com aquele sorrisinho amarelo, a modos de quem está com dor de barriga, agora a parte mais dolorosa... quanto devemos? Minutos, talvez nem minutos mas segundos de angustia perante a cara gozadora do gerente que se abriu num sorriso e disse..."nada! Boa viagem!" O quê? Não podia ser, afinal vocês trocaram as peças com defeito, até o pneu foi substituído... ainda lavaram o carro...não dá para entender, o que é isso? (E eu rezando para que fosse mesmo isso!) Pois que era isso mesmo, respondeu o gerente, se vocês quiserem deixem um "matabicho" para os mecânicos que cuidaram do carro...e boa viagem! E foi o que fizemos antes que ele, gerente,se arrependesse, depois de muitos agradecimentos e promessas de amizade e reconhecimento eternos, que não sei se alguma vez foram cumpridas, lá nos pusemos a caminho devidamente saudados pelo "Ao Alto, Ao Alto! Charrua" e pelos PH! 6,6,6! berrados pelos nossos colegas que nos acenavam desejando melhor sorte para o final da viagem!
Assim, por volta das 15 horas estávamos saindo de Nova Lisboa com destino a Luanda, numa bela pista asfaltada, carro revisado, dinheirinho no bolso, logo logo passando por Chitatamera, (até hoje não sei de onde tiraram esse nome), o que não impediu que por associação sonora soltássemos a voz num caprichado... "Guantanamera/Guajira, one Guantanamera/One Guantanamera/Guajira, one Guantanamera/ Yo soy un hombre sincero/Guantanamera...) canção e música que estava muito em voga na época e que nos embalou em muitos bailaricos. Rápidamente passamos por Hunguéria (outro nome que não sei de onde veio), Alto Hama a caminho da Cela, onde pretendíamos parar para abastecer e comer alguma coisa no posto da Sacor e foi o que fizemos, calculando que por volta da meia-noite estaríamos já em Luanda!
Nada como um carro rodando seguro e vistoriado de borla pela Robert & Hudson, uma boa estrada com belas paisagens para apreciar e rápidamente deixamos a Quibala e o seu forte lá no alto da pedra á nossa direita mas que infelizmente não íamos poder visitar porque estávamos ansiosos para chegar a Luanda!
Deixamos o Lussusso para trás a caminho do Dondo mas, naquela descida que antecedia a reta que dava acesso ao Dondo a luzinha vermelha do painel acendeu avisando de que alguma coisa não estava em ordem no motor, enquanto que o ponteiro que indicava a temperatura galgava célere para o seu ponto máximo, não restando outra alternativa a não ser encostar na beira da estrada e ir verificar o que estava acontecendo, maldizendo como não lembramos de incluir uma lanterna na caixa das ferramentas, que também não existia, mas apesar da escuridão conseguimos ver que desta vez tinha sido a correia da ventoinha do motor que dera o berro, ressequida e quebrada! O que fazer? Só nos restava esperar para que alguém passasse e parasse para nos socorrer, o que não tardou muito e logo no lado oposto da pista encostou um camião, seguido de mais dois ou três, cujos motoristas se juntaram a nós, em reunião, lamentando não poder ajudar, já que as correias que eles tinham eram muito grandes e não serviam para o nosso carro, apesar que um deles, cheio de boa vontade, ia trançando uma trança com duas cordas para substituir a correia e assim nós poderíamos chegar até ao Dondo, artimanha essa que apesar da boa vontade não deu certo. Enquanto isso, mais e mais camiões iam parando à beira da estrada e aquele bom espirito comum de solidariedade dos camionistas ia-se revelando através da ajuda e das frases de animo que nos eram dirigidas, todos querendo ajudar mas ninguém resolvendo nada, não por falta de vontade mas pelas circunstâncias do momento, até que um deles sugeriu o que parecia ser o mais óbvio: "olhem estou indo para Luanda, um de vocês pega uma boleia comigo até ao Dondo, deixo-o ficar no posto, onde ele pode comprar uma correia e pega uma boleia de volta com algum companheiro que venha para estes lados!" Parecia ser o mais lógico até que um automóvel ligeiro parou mais na frente e dele saiu um sujeito que para nosso espanto foi logo dizendo:"Selminha! O que você está fazendo aqui?" Era um amigo da família do Rui Flora, que após se inteirar do que estava acontecendo logo se prontificou a continuar viagem, levando a Selma para casa, malandro, e sem pensar em nos ajudar! Deixa esses malucos aqui, ao que a Selma e o Flora se opuseram dizendo que iam continuar connosco, até que o referido senhor, após muita conversa, aceitou levar a Selma e o Flora até ao Dondo, ajudá-los a procurarem uma correia e trazê-los de volta e à correia também, para que pudéssemos colocá-la no lugar com a ajuda dos camionistas, já que sem caixa de ferramentas e sem as ditas cujas, apenas tínhamos os ferros desmonta e o macaco, não seria possível desaparafusar a polia e colocar a correia. E foi o que foi feito enquanto eu, o Fausto e os camionistas esperávamos e papeávamos junto do "Fusca" (até descobri que entre eles estava um amigo do meu saudoso padrinho o jornalista Albuquerque Cardoso e como prova sacou da carteira o cartão de visitas que o meu padrinho lhe havia dado).
Lógico que a nossa previsão de chegada a Luanda já era, porque o relógio marcava 23 horas e 30 minutos e nós de papo com os camionistas, sentados no asfalto da beira da estrada, esperando a Selma e o Flora que chegaram quase à meia noite, depois de terem saboreado uns cacussos na varanda do hotel, à beira Cuanza e para nós não trouxeram nem as espinhas!
Colocada a correia, operação meio complicada e com muitos e variados palpites, dados por todos porque tínhamos de acertar a posição e a ordem de colocação das anilhas que esticavam a correia, agradecemos e nos despedimos com muitos apertos de mão e abraços dos nossos mais recentes amigos e continuamos viagem, escoltados até ao Dondo pelo amigo dos Floras e daí para a frente depois de um aceno o sujeito pôs o pé na tábua e nunca mais o vimos!
E nós seguimos na escuridão da noite, passando por Zenza do Itombe, Calomboloca, nem paramos para comprar as docinhas laranjas e os saborosos maboques das quitandeiras que já não estavam mais à beira da estrada, dormindo o sono justo de quem não tinha TV para assistir e nem luz elétrica para prolongar o dia, Catete, dizem que aqui nasceu o Agostinho Neto, Viana, onde anos mais tarde o meu amigo Carvalho ex-Ecomar instalou uma fábrica de sapatos femininos e por fim Luanda, quando no dia seguinte, isto é, no mesmo dia, no fim da tarde entreguei o "Fusquinha" para o "Esgoia" e essa foi a ultima vez que me despedi e abracei o meu amigo e nosso colega que uma bala traiçoeira o levou deste mundo, durante uma emboscada!
O que nos ficou desta viagem foi a solidariedade, a vontade de ajudar que recebemos de pessoas que nem conhecíamos e que em troca não esperavam nada de nós a não ser um sorriso e um abraço agradecido por tantas gentilezas recebidas, um espirito bem português e típico de quem vivia em Angola, independente de raça, religião e posição social, transpondo as "Portas do Tchivinguiro" e abrindo corações para o resto de Angola!
Outros detalhes que eu não lembrei poderão ser fornecidos pelos nossos colegas Fausto Costa, que mora em Portugal e pelo Rui Flora e a sua irmã Selma, algures, talvez em Angola.
Aquele abraço!

View older posts »

Search

Comments